De acordo com a história, o desenvolvimento econômico e social está intrinsecamente ligado à aplicação de práticas adequadas ao desenvolvimento tecnológico. Em todos os setores produtivos, sejam eles da cadeia primária, secundária ou mesmo de serviços, a implementação de novas tecnologias tem determinado o ritmo evolutivo dos ganhos econômicos. Países que utilizam mais a tecnologia elaboram e fornecem produtos e serviços com mais eficiência e, por consequência, direta ou indiretamente, favorecem as suas sociedades com melhores condições de vida como resultado da conversão de ganhos econômicos em ganhos sociais.
Corroborando neste aspecto, a pecuária também deve ser visualizada neste mesmo contexto: preconizar a aplicação de práticas e tecnologias que propiciem uma melhor rentabilidade, respeitando a sustentabilidade em todos os seus vértices, ambiental, social, animal e econômico. Além das questões econômicas inerentes, outros aspectos, como uma nova visão do consumidor frente ao tratamento desprendido aos animais, ou mesmo o respeito ao ambiente, tem forçado que a produção animal seja mais transparente em suas atividades e atendam a esta demanda.
Diariamente são encontradas evidências de aumento da consciência do consumidor, que se mostra em sintonia com o processo de globalização da informação. Há, de forma clara, uma preocupação com a qualidade dos produtos agropecuários, às vezes com informações desencontradas. No entanto, a elucidação e comprovação do uso das práticas solicitadas devem ser do fornecedor.
De uma maneira geral, o foco da preocupação tem sido a composição final dos produtos oferecidos que, pelo processo de produção, ou mesmo pela busca intensa de maior produtividade, apresenta ampla possibilidade de contaminação por elementos químicos, físicos e biológicos. Na modernização do processo de produção, novos elementos têm sido incorporados, cuja inocuidade ainda não está comprovada. Atualmente, podemos arrolar como as principais preocupações dos consumidores, as que se referem à presença de resíduos de agroquímicos, contaminação dos produtos agropecuários por microrganismos e à alteração da composição genética do produto por meio da introdução de genes de outras espécies (Züge et al., 2003).
A utilização de práticas adequadas aos processos pode mitigar os principais problemas decorrentes da produção, assim como, garantir os requisitos de sustentabilidade e bem estar animal, temas sempre discutidos em distintos âmbitos. Muito além de garantir apenas a inocuidade do leite, as boas práticas agropecuárias deve abranger outros aspectos, que direta ou indiretamente, de modo rápido ou não, podem interferir na capacidade de produção e manutenção dos distintos processos na pecuária leiteira.
A visão da produção de leite deve ser além do volume e da qualidade do leite. A propriedade deve ser enxergada como uma unidade, onde a deficiência de seus vértices irá impactar diretamente na sustentabilidade da atividade.
As boas práticas agropecuárias na produção de leite bovino permeiam a implementação de procedimentos apropriados nas distintas fases da produção nas propriedades leiteiras. Tais práticas devem assegurar que o leite e os seus derivados sejam seguros e adequados para o uso a que se destinam e, também, que propriedade continuará viável sob a tríade econômica, social e ambiental.
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Roberta Züge Diretora administrativa do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS)Vice-Presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Paraná (SINDIVET)Médica Veterinária Doutora pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP)
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